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O Vinho e o Coração

Saborear uma boa taça de vinho com uma boa companhia e uma comida apetitosa certamente é uma experiência gratificante. Porém, poderia ser ainda melhor se ajudasse a melhorar a saúde, não é mesmo? Neste texto, vamos investigar se a crença popular de que vinho faz bem para o coração é real.

As propriedades do vinho e seus impactos no organismo — especialmente nas doenças cardiovasculares — foram e ainda são alvo de diversos estudos científicos. Por isso, há uma ampla gama de conhecimento para estabelecer uma resposta a este questionamento.


O que se sabe sobre a ação do vinho na saúde é que ele pode prevenir doenças cardiovasculares, diminuir a pressão, ajudar a controlar o colesterol e até proteger de alguns tipos de câncer.


A fonte principal de tantos benefícios está em uma molécula chamada resveratrol.


Alguns estudos sugerem haver uma maior redução da mortalidade cardiovascular entre os consumidores de vinho, assim como menos internações por doença coronariana e menor incidência de acidentes vasculares encefálicos.


Além disso, o consumo moderado de vinho parece não estar associado ao aumento de risco para câncer do trato digestivo superior, contrariamente a cerveja e destilados.


A hipótese do efeito protetor adicional do vinho embasa-se principalmente em dois tipos de evidências. Estudos onde consumo e eventos clínicos foram medidos como médias ou taxas populacionais, comumente chamados de ecológicos, observou-se uma taxa de eventos coronarianos reduzida nas populações com consumo relativamente alto de gordura saturada concomitante ao uso elevado de álcool, principalmente nas populações que o fazem na forma de vinho, fenômeno este conhecido como "Paradoxo Francês".


O segundo aspecto são as evidências experimentais, mostrando efeitos biológicos de flavonóides e polifenóis presentes no vinho, mecanismos supostamente responsáveis pela diminuição de eventos tromboembólicos.


Recentemente, demonstrou-se em estudo de coorte francês que a redução da mortalidade total e cardiovascular foi mais acentuada (redução de 30 a 40% no risco) naqueles com consumo regular exclusivo de vinho.


Esta é uma evidência consistente, apesar de não ter sido corrigida para os outros potenciais fatores presentes nos bebedores de vinho, a maior parte da população.


O consumo moderado de vinho tinto está associado com redução da mortalidade e das hospitalizações por Doença Arterial Coronária (DAC). Em relação ao perfil lipídico, o álcool apresenta dois efeitos bem estabelecidos: aumenta o HDL colesterol, por causa do aumento de suas sub-frações HDL2, HDL3 e das apolipoproteínas A-1 e apo A-2; eleva os níveis de triglicérides, devendo ser evitado em portadores de diabete melito e de hipertrigliceridemia.


A ingestão moderada de álcool promove elevação de aproximadamente 12% nos níveis de HDL colesterol, semelhante à encontrada com a prática de exercícios. No sistema de coagulação, o álcool atua inibindo a agregação plaquetária, elevando o ativador de plasminogênio e reduzindo as concentrações de fibrinogênio. A maioria dos efeitos protetores do vinho tinto na aterosclerose são atribuídos aos flavanóides, que possuem propriedades antioxidantes, vasodilatadoras e anti-agregante plaquetária.


Pesquisas mostram que o consumo moderado de flavanóides reverte à disfunção endotelial em pacientes portadores de DAC.


Quando ingeridas diariamente, pequenas quantidades de vinho tinto também têm impactos positivos na saúde. A American Heart Association descobriu que esse hábito pode reduzir em até 30% o risco de infarto e em até 40% a possibilidade de desenvolvimento de diabetes.



Quais os melhores vinhos para proteger o coração?


O vinho branco possui uma boa quantidade de antioxidantes, mas o vinho tinto se destaca no quesito benefícios à saúde, devido à maior concentração de resveratrol nas uvas utilizadas na bebida.


É importante ressaltar que os benefícios são diferentes conforme a qualidade ou variedade do vinho. Por exemplo, opções com açúcar adicionado e de baixa qualidade não impactam positivamente o organismo, já que o açúcar é uma substância prejudicial à saúde. Ou seja: escolher bons rótulos faz toda a diferença.


A proposta do efeito protetor do vinho tinto deve ser bem considerada, mas não devemos esquecer dos seus efeitos adversos: alcoolismo, distúrbios de comportamento, síndrome fetal alcoólica, acidente vascular cerebral hemorrágico, hipertensão arterial, arritmia, miocardiopatia e morte súbita. Estudos têm mostrado que o consumo de álcool superior a 20 gramas por dia é responsável pelo aumento na incidência de hipertensão arterial; sendo a hipertensão arterial é uma das patologias cardiovasculares mais freqüente na população em geral e um dos fatores de risco para aterosclerose o uso do vinho neste grupo deve ser avaliado mais criteriosamente.

 

Referências:

1-Soares Filho e cols. Efeito do vinho e do exercício no sistema cardiovascular.  ARQ. BRAS. DE CARDIOLOGIA 2- Arq Bras Cardiol 2001; 76: 165-70. Álcool e Doença Aterosclerótica. 3-https://www.heart.org/en/healthy-living/healthy-eating/eat-smart/nutrition-basics/alcohol-and-heart-health#.Wi1KY1WnHIV 4-http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/geral/vinho%20e%20o%20coracao.html


Dra. Kécia Amorim

Médica Cardiologista

CRM GO 13874

RQE 10821



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